data-filename="retriever" style="width: 100%;">Há tempos, a mídia e as redes sociais, assim como as pessoas em geral, em qualquer grupo social, têm comentado diariamente e com críticas ásperas sobre a forma de o presidente Bolsonaro e alguns de seus ministros se comunicarem com os brasileiros. A começar pela forma. Prefere não conceder entrevistas e dar seus pitacos em breves encontros com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada. Nesses encontros, a cada dia alimenta a imprensa com algumas preciosidades que rende vários dias de pauta para jornalistas e adversários, incluindo-se parte dos que o apoiam. É que são ricos em particularidades esses pitacos (palpite dado por alguém que, geralmente, não conhece o assunto, mas insiste em comentar), que ninguém resiste.
Dizem alguns, e a Rede Globo na semana passada repisou isso, que o presidente "não está à altura do seu cargo". Todos desejavam um presidente com gestos e falas mais nobres, semelhantes à aristocracia, a fidalguia. Talvez à semelhança de uma rainha da Inglaterra, de um príncipe de Mônaco. Entretanto, as pessoas não são aquilo que desejamos que sejam. Cada um tem o seu jeito, seus trejeitos. Somos assim, fazer o quê. Todos os nossos presidentes renderam matérias, à exaustão, para humoristas e comentários populares. Uns com mais riqueza de conteúdo; outros com menos, mas todos se prestaram a isso.
O que é certo é que não é pela forma e jeito de se comunicar que definirá quanto a um bom ou péssimo governo, tampouco a cultura ou nível intelectual. Veja-se o presidente Lula. Sem grau de instrução algum e se comunicava maravilhosamente com seus "companheiros", e isso lhe bastava. O que precisamos, na verdade, verdadeira, é alguém com liderança capaz de colocar o país nos trilhos do desenvolvimento e não basta apenas "acabar" com a corrupção. Também não precisa alguém com liderança no Mercosul ou nas américas, mas no Brasil tem que exercer uma liderança capaz de mobilizar a todos: trabalhadores empresários, investidores etc. Também capaz de liderar seus ministros e colaboradores para o trabalho, e bem feito. Não precisa conhecer todas as áreas do conhecimento, mas saber liderar e ter vocação para isso é essencial. Assim se fazem os grandes líderes, de esquerda, centro e direita e são esses líderes que têm capacidade de mobilizar a todos em torno de uma nação.
Não precisamos de alguém capaz de administrar o orçamento no limite para pagar as despesas do Estado. Se não for capaz dessa mobilização, os investidores vão embora. Outros desistem de investir e, como dependemos disso, a tendência é o PIB afundar para aquém dos 1% já registrados agora. Quanto a atropelar o vernáculo, às vezes, ser grosseiro em outras vezes e falastrão em outras tantas vezes, não é o que interessa ou tenha relevância nesse momento.
Agora, com urgência, precisamos de liderança para nos salvar do abismo que se aproxima e em grande velocidade. Estamos sem qualquer investimento, público ou privado. Vivemos há quase dois anos sob a desculpa de que vamos crescer com as reformas - previdência, administrativa e tributária - não vamos crescer. O que poderia acontecer, se fossem sérias, seria o estancamento de recursos mal direcionados. Mas isso, isoladamente, e só isso, não nos levará a lugar algum. Ou alguém duvida? Portanto, estamos passando longe do que interessa e não deve nos comover a forma pouco ortodoxa de o presidente se comunicar com os brasileiros.
O modelo de comunicação, e só isso, se assemelha ao usado pelo presidente norte-americano, que também é objeto de críticas e matéria inesgotável de humor. Entretanto, lá, diferente daqui, os investimentos não afundaram e há esperança de dias melhores, inclusive sem o muro que divide com o território do México. São estilos semelhantes, mas com resultados completamente diferentes. Vamos ver. Não importa o estilo, importa é o resultado que precisa melhorar.